Sansão e Dalila


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Compositor: Camille Saint-Saens (1835-1921)

Maestro: Philippe Jordan


Direção: Damiano Michieletto


Orquestra: Orquestra e Coro da Ópera de Paris

Duração: 3 atos - duração: 2h00

Elenco:
Anita Rachvelishvili, Aleksandrs Antonenko, Egils Silins, Nicolas Testé, Nicolas Cavallier, John Bernard, Luca Sannai e Jian-Hong Zhao

Considerada um modelo da ópera francesa do período, Sansão e Dalila, de Camile Saint-Saëns, teve que esperar treze anos após sua estreia em alemão, na cidade germânica de Weimar em 1877, até que a França se dispusesse a ouvi-la. Mas o tão merecido sucesso, ainda que lento, veio e de forma definitiva.

Criança musicalmente brilhante com ouvido absoluto, escreveu sua primeira peça para piano pouco depois de seu terceiro aniversário, Camille Saint-Saëns começou como pianista aos 10 anos na Sala Pleyel; como extra, se ofereceu para tocar de memória qualquer uma das 32 Sonatas para Piano de Beethoven. Por sorte, sua mãe salvou-o da vida inebriante e ameaçadora de menino prodígio, e o matriculou no Conservatório de Paris.

Dedicou-se à carreira de virtuoso do piano e passou vinte anos como organista da Igreja Madeleine, onde suas improvisações fizeram Liszt declará-lo o melhor no mundo. Mesmo durante o tempo que era organista, compunha de forma compulsiva. Saint-Saëns voltou-se para a mesma saída dos jovens compositores de sua geração, o teatro, e escreveu 13 óperas. Mas só Sansão e Dalila, com libreto de Ferdinand Lemaire, conquistaria os palcos.

Saint-Saëns trabalhou na ópera com cautela, escreveu os dois solos de Dalila e testou-os em um seleto grupo de amigos, que não se entusiasmou. Um segundo teste resultou em uma opinião similar. Desanimado, Camille colocou o trabalho de lado por dois anos e só retornou a ele por insistência de seu amigo Liszt. Com a guerra Franco-Prussiana, Saint-Saëns foi para a Argélia, onde completou o terceiro ato. Quando voltou, seu amigo Pauline Viadot-Garcia, o grande cantor, havia preparado uma surpresa para ele – uma encenação privada de todo o segundo ato de Sansão e Dalila. Infelizmente, os críticos presentes queixaram-se da “ausência de melodia” e de “uma instrumentação que não propõe nada acima do comum”. Foi a promessa de seu amigo Liszt, de uma estreia na Alemanha, que o levou a concluir o trabalho.

O resultado é maravilhoso, e está lá no topo de sua obra, com o Quarto Concerto para Piano, a Terceira Sinfonia e a música de câmara tardia. Sansão e Dalila é uma ópera de números, com coros, árias e conjuntos claramente definidos. Apesar do título, a música mais memorável não pertence a Sansão, mas a Dalila. Ela tem dois solos famosos – Printemps qui commence e Amour, viens aider ma faiblesse – mas foi o dueto Mon coeur s’ouvre a ta voix (no qual, de fato, o tenor tem uma função muitíssimo menor) que se consagrou nos recitais de mezzo-sopranos e contraltos.

A estreia em Weimar foi um grande sucesso, mas a ópera não teve convite imediato para apresentação em outros teatros. A ópera foi apresentada em Hamburgo em 1882, e só estreou na França, em Rouen, em 1992, e ainda neste mesmo ano em Paris. A partir de então, Sansão e Dalila foi consagrada mundo afora, entrando no século XX como um título obrigatório das grandes companhias.

Durante sua carreira, Saint-Saëns foi considerado primeiramente como um pioneiro, defensor das obras de Liszt e Wagner, mas com o passar do tempo ele foi se tornando conservador em sua visão artística, e o século XX encontrou-o como um artista ultraconservador. Em 1913, durante a Primeira Guerra, exigiu a proibição da música alemã na França e manifestou sua aversão à música de Debussy. Polêmicas superadas, esta nova produção da Ópera de Paris traz de volta uma obra-prima do seu repertório que não havia sido realizada ali por vinte e cinco anos. E até hoje, Sansão e Dalila é a terceira ópera mais apresentada na Ópera de Paris (atrás apenas de Fausto e Rigoletto) com mais de 1000 apresentações desde a estreia no Palais Garnier em 1892.

Descoberta por Daniel Barenboim, na Academia do Scala, Anita Rachvelishvili logo estreou, como Carmen, ao lado de Jonas Kaufmann – consagrada, repetiu o papel no Metropolitan e nos principais palcos europeus. Anita está sensacional como femme fatale que a personagem Dalila exige, e tem ao seu lado o tenor Alexandrs Antonenko, que brilhou na Ópera de Paris em Tosca em 2009 e em Otello em 2011. Nesta nova produção de Sansão e Dalila conduzida pelo brilhante maestro Philippe Jordan, o terceiro grande personagem é o coro e seria dificílimo imaginar algum outro que possa superar o da Ópera de Paris.

Bom espetáculo!

Oprimidos pelos filisteus, os hebreus têm em Sansão um líder. Para descobrir a origem de sua força sobrenatural, Dagom resolve usar Dalila como espiã. Ela seduz Sansão e descobre que sua força vem dos cabelos. Sansão é capturado pelos filisteus, tem seus cabelos cortados e, indefeso é levado para o sacrifício. Pedindo a Deus que restituísse suas forças, Sansão derruba os pilares e todo o templo cai sobre ele e seus inimigos.

EXIBIÇÕES do filme Sansão e Dalila