O Trovador


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Compositor: Guiseppe Verdi (1813-1901)

Maestro: Daniele Callegari


Direção: Alex Ollé
 (La Fura del Baus)

Orquestra: Orquestra e Coro da Ópera de Paris

Duração: 4 atos - duração: 2h10

Elenco:
Ludovic Tézier, Hui He, Ekaterina Semenchuk, Marcelo Alvarez, Roberto Tagliavini, Marion Lebègue

Verdi foi um homem marcado pelo gênio, pela perda e pelo triunfo. Em seus 87 anos de vida – raros para a época em que viveu – viu a Itália se conquistar e se unir tendo nele um paradigma do que ela queria ser. A perda da esposa e de seus dois filhos pequenos imprimiu em Verdi um olhar mais triste do que se podia notar e uma entrega ainda maior à música. Ao triunfo de Nabucco, em 1842, seguem-se os de I due Foscari (1844), Jeanne d’Arc (1845), Macbeth (1847) e as que são conhecidas como o “trio popular” ou o “trio de ouro”: Rigoletto (1851), Il Trovatore (1853) e La Traviata (1853) – todas as três apresentadas nesta edição do Ópera na Tela em produções superlativas.

A história de Il Trovatore é confusa. Como na ópera Simon Boccanegra, parte da história acontece antes da cortina se abrir. Declarações de amor são feitas à pessoa errada, um irmão que se considerava morto reaparece como rival e até um bebê é lançado à fogueira por engano… pela própria mãe! Ao mesmo tempo, há uma busca implacável de vingança, com todos os elementos de horror: o espectro da pira, prisões e torturas. A força do drama desenha efeitos espetaculares, com todos os ingredientes de um romantismo copiado de Victor Hugo, que Verdi já utilizara em Ernani, e ao qual voltará em Rigoletto. Mas Verdi criou uma sucessão tão impressionante de melodias que logo nos rendemos ao espetáculo. E é essa excepcional qualidade musical que faz de Il Trovatore uma ópera tão difícil de se realizar. Convidado para dirigir uma montagem desta ópera, Toscanini disse: “Tragam-me os melhores cantores do mundo e eu o farei”.

O Trovatore é uma experiência vertiginosa. Uma sequência impressionante de árias, duetos e conjuntos, interrompida por aclamações do público, enquanto o próximo cantor se prepara para ofuscar seu antecessor ou morrer tentando. Esta é uma ópera para cantores por excelência e se não forem supremos é melhor encená-la em um outro momento. É por esta razão que a montagem da Opéra Bastille é imperdível. Além das qualidades de cenografia e de cena, o elenco é o sonho de Toscanini. O tenor argentino Marcello Alvarez é o melhor Manrico da década, com mais de cem récitas em sua carreira; Ludovic Tézier, verdadeiro patrimônio nacional francês, é o maior barítono verdiano de sua geração; a soprano Hui He veio da China para encantar as plateias mais exigentes do planeta e a consagrada mezzo-soprano russa Hekaterina Semenchuk garante a profunda dramaticidade de Azucena.

Esta ópera de fortes acentos e de dinâmica de contrastes extremos, exige sombra e fogo de seus intérpretes – palavra cantada mais de cem vezes! Mas a voz do poeta e cantor Manrico em sua primeira aparição, ecoando no vazio, acompanhado apenas por uma harpa, dá ao Trovatore uma dimensão quase fantástica.

Verdi foi criticado duramente pelo caráter exagerado, pelos excessos, pela falta de realismo de Il Trovatore. Mas nada impediu a sua consagração popular através dos séculos. Bizet escreveu o que pode ser considerada a melhor defesa às acusações precipitadas:

“Quando um temperamento apaixonado, violento, mesmo brutal, quando um Verdi nos premia com a arte de um trabalho vivo e forte, em forma de ouro, lama, veneno e sangue, não digamos friamente: ‘Mas, meu caro senhor, ela não tem gosto, não tem distinção! ” E Michelangelo, Homero, Dante, Shakespeare, Beethoven, Cervantes e Rabelais – eles têm distinção? ”

Bom espetáculo!

Leonora ama Manrico sem saber que ele é irmão de Conde Luna, homem para quem está prometida. Os irmãos se enfrentam sem saber do parentesco. Acreditando na morte de seu amado, Leonora vai para um convento. Manrico aparece e leva a jovem ao altar. O casamento é interrompido quando recebem a notícia de que Azucena, mãe de Manrico, está sendo levada à fogueira. Manrico é preso e morto por Luna. Leonora se envenena e Azucena revela que Luna matou o próprio irmão.

EXIBIÇÕES do filme O Trovador